Durante o 4º Congresso Brasileiro de Urgências e Emergências Pediátricas, realizado pela Sociedade Brasileira de Pediatria (SBP), foi relatado o alto número de quedas de crianças. O estudo realizado notificou que 33 mil crianças menores de 10 anos foram internadas pelo SUS, em razão dos acidentes, em 2023. O problema é recorrente e superou a marca de 332 mil casos de internações. 

Segundo a presidente do Departamento Científico de Prevenção e Enfrentamento das Causas Externas da SBP e coordenadora do Programa DEDICA, Luci Pfeiffer, esses eventos podem ser evitados com medidas simples. “Durante a infância, a proteção é passiva, ou seja, o adulto precisa conhecer os riscos que estão à volta da criança, bem como a capacidade física e mental dos pequenos, para que possa lhes oferecer um ambiente saudável e protegido”, afirma. 

Os registros oficiais apontam que os principais motivos dos acidentes são: quedas de escadas, degraus, da cama, árvores, mobílias, além de acidentes em locais como parques e playgrounds. 

Como evitar as quedas? 

Crianças com menos de um ano: 

  • Nunca deixe o bebê sozinho no trocador ou em locais altos, como na cama. Essa costuma ser a primeira queda do bebê e, por ele ter a cabecinha bastante volumosa em relação ao resto do corpo, ela chegará primeiro ao chão, podendo causar traumatismos cranianos e encefálicos graves;
  • Quando o bebê começa a controlar seus movimentos de braços e pernas e aprende a sentar, um reflexo de hiperextensão posterior faz com que ele, sem desejo disso, se jogue para trás e bata a cabecinha no chão. Por isso, o uso de almofadas e a presença do adulto cuidador são fundamentais;
  • Se você estiver carregando o bebê ao colo, em escadas e degraus, apoie-se sempre no corrimão. Evite pisos lisos, molhados ou escorregadios;
  • Nunca deixe o bebê sob os cuidados de outra criança. Caso o irmãozinho ou outra criança queira pegá-lo no colo, oriente, ensine, proteja, para que isso aconteça apenas com um adulto segurando também;
  • O andador não deve ser usado, nunca, em nenhuma idade. Tanto ele prejudica o desenvolvimento e o andar da criança, como tem sido causa de graves acidentes com traumatismos cranianos significativos;
  • Não deixe o bebê em sofás ou cadeiras, como se fosse um apoio para aprender a sentar. O bebê não vai ficar parado e as quedas podem acontecer. Brincar no chão protegido lhe dará muito mais espaço para se mover e desenvolver suas habilidades motoras.

De um a quatro anos de idade 

  • Coloque telas nas janelas, sacadas e vãos desprotegidos, como laterais de escadas. Não deixe objetos, cadeiras, sofás e outros apoios próximos desses lugares de risco;
  • Cuidado com superfícies molhadas e escorregadias que provoquem o desequilíbrio e as quedas. Banheiros, pisos em geral e calçadas em volta de piscinas que estejam molhados devem ser proibidos para brincadeiras;
  • Escolha bem os brinquedos de locomoção, como triciclos, patinetes e skates, que suportem o peso da criança, tenham uma base segura e não tombem com facilidade. Devem ser utilizados em locais apropriados, nunca em via pública e sempre com os equipamentos de segurança, como capacete, joelheiras, tornozeleiras e cotoveleiras;
  • Cuidado com as camas tipo beliche – não oferecem segurança em nenhuma idade. Mesmo com proteção nas laterais, não é indicada nos primeiros anos de vida ou para as crianças maiores. Além da necessidade de proteção lateral, a cama de cima não deve ser mais alta que a altura da criança;
  • Nunca deixe a criança sozinha, sem um adulto cuidador atento a ela.

De cinco a nove anos de idade 

  • A exploração de lugares além da casa pode se tornar intensa e as quedas de muros, lajes, árvores e brinquedos em parques é comum. Para evitar acidentes, a orientação e supervisão dos responsáveis é fundamental;
  • Os brinquedos de locomoção vão se transformando. Seja em bicicletas, patinetes, skates ou outros. Por isso, os equipamentos de segurança, como já enumerados – capacete, cotoveleiras, joelheiras e tornozeleiras –, devem ser condição de uso do brinquedo, independentemente do local, trecho ou tempo de uso;
  • O uso do celular ou outras telas do mundo virtual não podem ser permitidos quando em vias públicas, ou quando a criança está em movimento, pelo desvio de atenção que desencadeia. É preciso lembrar que o uso das telas nessa idade não deve exceder uma hora ao dia e não pode servir de companhia ou terceirização do cuidar.

Ao evitar acidentes, sequelas mais graves e até óbitos, podem ser prevenidos. Além dessas orientações, mais informações podem ser encontradas no site Pediatria para Famílias.  

  

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