A campanha Janeiro Branco foi criada para conscientizar sobre o tema e passar a mensagem de o quão importante é cuidar da nossa saúde mental em todas as fases da vida
Durante a adolescência, o cuidado com a saúde mental é fundamental. Afinal, é uma fase na qual há várias situações novas que o indivíduo não sabe lidar ainda. Ter uma boa saúde mental nesse momento da vida significa também um bom desenvolvimento mental e físico.
A psicóloga Rosângela Bacron, diz que a saúde mental é parte importante da adolescência pois impacta em várias áreas do desenvolvimento do adolescente, podendo inclusive, afetar o seu bem-estar. “O impacto da saúde mental nessas faixas etárias pode ser significativo e abranger diversas áreas da vida como, autoestima, desempenho escolar, comportamento, saúde física, desenvolvimento da inteligência, emocional e social”, diz Rosângela.
Como observado, a saúde mental pode influenciar na vida dos adolescentes de várias formas. Assim, se faz necessário ajudá-los a construir hábitos saudáveis. Dormir bem, praticar exercícios físicos, resolver problemas e se relacionar com os outros, são alternativas para cuidar da saúde mental desse público.
Segundo a profissional, adolescentes podem apresentar sinais que indicam que sua saúde mental pode não estar bem. É importante que pais, professores e cuidadores estejam atentos a esses sinais, porém, nem sempre são claros ou fáceis de reconhecer. Ela lista os sinais para se manter em alertar:
– Mudanças repentinas no comportamento, como se tornar mais agressivo, isolado, ansioso, triste, agitado ou irritado;
– Mudanças no desempenho escolar, como queda no rendimento, falta de interesse, dificuldade de concentração ou problemas de relacionamento com colegas e professores;
– Alterações no sono, na alimentação ou no peso, como insônia, pesadelos, falta de apetite ou compulsão alimentar;
– A perda de interesse ou prazer em atividades que antes gostava, como hobbies, esportes ou brincadeiras;
– Baixa autoestima, culpa, vergonha ou sentimentos de inutilidade;
– Manifestações físicas sem causa aparente, como dores de cabeça, dores de estômago ou outros sintomas físicos.
“É importante ressaltar que nem todos esses sinais significam que o adolescente tem um transtorno de saúde mental. Mas podem indicar que ele precisa de apoio, atenção e cuidado”, completa a psicóloga.
Para os cuidados necessários com a saúde mental dos adolescentes, Rosângela lista algumas medidas para serem tomadas. “Promover relações afetivas, estabelecer uma comunicação aberta, incentivar os adolescentes a adotarem hábitos saudáveis, apoiar o desenvolvimento de habilidades para a vida, estimular a participação de atividade que dão prazer a eles”, explica. “Podem ser feitas para melhorar a saúde mental de adolescentes, tanto por eles mesmos quanto por seus familiares, educadores e profissionais de saúde”, enfatiza a psicóloga.
A psicóloga comenta sobre os fatores de risco para o adolescente ter uma má saúde mental. Para ela, os fatores podem ser divididos em dois grupos: fatores de risco e fatores de proteção. “Quanto aos fatores de risco são aqueles que aumentam a probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, como, ansiedade e transtornos comportamentais. Alguns exemplos como acontecimentos de vida negativos, baixa escolaridade dos pais, estresse familiar, abuso de álcool ou drogas, dificuldades de aprendizagem, padrões de vinculação inseguros, entre outros, podem ser fortes fatores de risco para o adolescente”, explica Rosângela.
Já os fatores e proteção, a profissional esclarece ser as causas que diminuem a probabilidade de desenvolver problemas de saúde mental, ou que ajudam a lidar com eles de forma mais adaptativa. “Relações afetivas, respeitosas e de confiança com pais, professores e amigos; ambiente seguro, acolhedor e estimulante na família, na escola e na comunidade e hábitos saudáveis de sono, são alguns exemplos”, destaca.
Realça ainda a relevância do cuidado com os pais nessas situações. Para ela, a ação de pais ou responsáveis na saúde mental da criança e do adolescente desempenha um papel fundamental, pois eles podem oferecer um ambiente de apoio, afeto e confiança, que favorece o desenvolvimento saudável dos seus filhos. Além disso, eles podem ajudar a prevenir ou identificar problemas de saúde mental, e buscar ajuda profissional quando necessário. “Pais são modelos de comportamentos, que ao demonstrar comportamentos saudáveis e habilidades de enfrentamento, fornecem modelos positivos para os adolescentes. Ao estarem atentos ao desenvolvimento emocional e cognitivo de seus filhos, podem trazer identificação de sinais de problemas de saúde mental, possibilitando a intervenção precoce”, comenta.