No Pequenas Conversas, falamos de crianças adolescentes da maravilha do mundo infantil e convido vocês a conversarmos sobre algo bastante polêmico que circula no Brasil e no mundo, que são os brinquedos que se oferecem a uma criança e adolescente. Hoje vamos falar de algo que foi considerado um brinquedo e atualmente não é mais, que são réplicas e imitações de produtos semelhantes às armas: facas, punhais ou armas de fogo e por muito tempo dentro de uma ignorância nossa do mundo adulto, foi oferecido esse tipo de brinquedo a muitas crianças e adolescentes.  

Antes não se pensava muito e não se imaginava o que essa representação, de um brinquedo, poderia fazer em todo o desenvolvimento psíquico de uma criança. Em primeiro lugar temos os riscos que uma criança aprende a brincar com réplicas de armas, ela não vai fazer a diferença se encontra uma arma em casa e isso seria algo a nunca se ter uma arma em casa e disponível, se a pessoa é um profissional que precisa desse instrumento, nunca isso poderia estar ao alcance de uma criança e nunca poderia estar carregado com as balas porque os acidentes acontecem e eles não são poucos. Infelizmente temos histórias trágicas e de acidentes com arma de fogo, onde as crianças estão envolvidas.  

Em um segundo ponto, temos a normalização da violência e a ideia que é trazida em desenhos infantis, em filmes, onde uma arma que dá o poder, é a que mata. E quantos desenhos que vocês deveriam evitar e quantos jogos de internet que vocês deveriam evitar têm como pontuação, a morte do outro, do inimigo, através de armas, através de lutas.  

O que é que nós estamos dizendo as nossas crianças, aos nossos adolescentes? Que isso poder, que ser poderoso justifica aniquilação do outro. Ter armas de brinquedo em casa, normaliza a violência. Ao mesmo tempo, temos que lembrar que o brincar é um treino da vida adulta. A criança brinca de bonecas, ela nina seus bebês bonecas. As crianças, menino ou menina, deveriam brincar com seus carrinhos para depois poder dirigir. A gente treina até a lateralidade e tudo mais. Ter um exercício físico, como a bola, que é um treino de coordenação motora excelente.  

As armas não ensinam nada, as armas ensinam que, com um instrumento que vai além de mim, eu posso dominar o outro. Se o brincar é o treino da idade adulta, cuidem e prestem atenção no que se oferece às crianças, para que elas possam ter valores e conceitos de respeito a si mesmo e também ao outro e para que se evitem os acidentes que não tem volta.  

Eu agradeço a atenção de vocês e espera todos na próxima coluna Pequenas conversas, uma parceria da rede AERP de notícias e do Programa DEDICA, que coordeno como a médica pediatra e psicanalista. 

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